Há 50 anos, em 1971, a ditadura militar então vigente no País vivia os anos de chumbo. Com a edição do Ato Institucional n° 5 (AI-5), em dezembro de 1968, o regime entrara em seu período mais repressivo e uma parte da juventude, de armas nas mãos, tentava dar uma resposta às prisões, torturas e mortes que aconteciam nos porões das instituições militares e da polícia política.
O MDB era a oposição consentida. A ditadura extinguira o pluripartidarismo e deixara como opção para se fazer política apenas a Arena (Aliança Renovadora Nacional, pró-regime) e o minúsculo MDB (Movimento Democrático Brasileiro). Levas de cassação de mandatos tinham afastado do jogo político lideranças nacionais e estaduais. No Maranhão, Neiva Moreira foi cassado e seguiu para o exílio ainda nos dias posteriores ao golpe de 1964. Depois do AI-5, seriam cassados e teriam os direitos suspensos por 10 anos Renato Archer e Cid Carvalho, ambos deputados federais.
Freitas Diniz chegou à Câmara Federal em 1967, compondo a bancada do MDB. Reeleito em 1970, foi um dos fundadores do bloco dos Autênticos, composto por deputados que chegaram à Casa legislativa naquele ano, como Alencar Furtado (PR), Marcos Freire e Fernando Lyra (PE), Lysâneas Maciel (RJ) e Chico Pinto (BA).
Os Autênticos injetaram energia na combalida oposição consentida e ajudaram a transformar o MDB numa autêntica oposição, plantando as sementes que fariam o MDB a acolher em seu seio os partidos que estavam na clandestinidade e se tornando no instrumento legal que poria fim ao regime militar em 1985.
No Maranhão, Freitas Diniz estimulou a criação do MDB Jovem, onde despontaram Jersan Araújo, Othelino Filho, João Alexandre Júnior, Cunha Santos e outros com os quais convivi naqueles conturbados anos.
Em 1974, Freitas Diniz não conseguiu se reeleger, mas voltou ao mandato em 1978, trocando de partido em 1980, sendo um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT). Como o PT não conseguiu atingir o quociente eleitoral em 1984, Freitas ficou novamente sem mandato e afastou-se do partido ao defender a participação dos parlamentares do partido no Colégio Eleitoral que elegeria Tancredo Neves e José Sarney, como presidente e vice-presidente da República. Desde então não disputou mais eleições.
Nascido de uma família de oligarquia rural da região do Baixo Parnaíba, em 1933, Domingos de Freitas Diniz Neto formou-se em engenharia civil, na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Vinculado ao vitorinismo (corrente política comandada por Victorino Freire), Freitas Diniz regressou ao Maranhão após ter-se formado, participando dos governos de Matos Carvalho (foi o primeiro presidente da estatal Cemar (Cia. Energética do Maranhão) e de Newton Bello (como secretário de Viação e Obras Públicas e diretor geral do DER (Departamento de Estradas de Rodagem).
Vítima de complicações decorrentes da covid-19, Freitas Diniz morreu na madrugada de hoje, 22, segunda-feira, dois dias após completar 88 anos. O Maranhão perde um filho da oligarquia que se transformou num combatente contra a ditadura militar e num dos fundadores do PT.