sábado, 27 de abril de 2024

Setembro Amarelo: conheça causas e sintomas da depressão

(Foto: Reprodução)

Estamos no mês de setembro e, como de costume, o país inteiro se une para conversar e aprender mais sobre questões relacionadas à depressão e ao suicídio por meio da campanha Setembro Amarelo. Mas antes de conversar, é importante ter números que comprovem a necessidade do diálogo. Por exemplo, será que você sabia que no Brasil, uma pessoa tira a própria vida a cada 45 minutos?

Quando a estatística ganha contornos mundiais, a situação parece ainda mais desanimadora. A cada 40 segundos, uma pessoa se mata no planeta. Só em 2015, foram 800 mil pessoas no mundo que recorreram ao suicídio. Os dados são da Organização Mundial da Saúde (OMS) a apontam para a necessidade de debater sobre o assunto.

Vista como um tabu por muitos, a Depressão é uma doença séria, dolorosa e silenciosa. E agora que já temos os dados, podemos iniciar uma conversa. O Portal Guará conversou com Evelyn Lindhom que é psicóloga e psicoterapeuta clínica e conhecedora do assunto. A entrevista você pode conferir abaixo.

Portal Guará: Afinal, o que é a Depressão? Existe alguma causa específica?

Evelyn Lindhom: A depressão é vista hoje como resultado da combinação de características endógenas (como hereditariedade), neuroquímicas (elementos químicos que afetam o cérebro), risco ambiental (como valores culturais, experiências emocionais) e fatores psicológicos.

P. G.: Quais os principais sintomas da doença?

E. L.: Um dos principais traços da Depressão é uma maneira “acinzentatada” de interpretar e ver o mundo, intensificando sempre as perspectivas negativas que têm de si.

P. G.: Em muitas situações, a tristeza extrema pode gerar sintomas que parecem com os da Depressão. Como saber se uma pessoa está em um quadro de tristeza aguda ou em situação de Depressão?

E. L.: Não devemos associar a sensação de tristeza a condição depressiva, pois por mais semelhante que pareça, têm características bem distintas em sua intensidade, duração, sintomas, sinais e pelo contexto em que ocorre. Depressão é uma doença psíquica, é patológica, tristeza é um estado emocional extremamente normal em todas as etapas do desenvolvimento humano, que pode surgir quando há uma perda, uma separação, uma mudança muito significativa na vida. Na depressão, uma perda significa o faz morrer junto, anular-se, sentir que nada faz sentido ou que não há nenhuma esperança sobre o futuro.

P. G.:  Luto por parente ou amigo e término de relacionamento configuram potenciais causas de Depressão?

E. L.: É reducionista afirmar que apenas uma causa pode desencadear a depressão, pois mesmo com uma perda significativa, por exemplo, você terá que ter uma predisposição emocional, social e ou química para reagir a perdas deste modo. Algumas características são indicativos de preocupação como: humor depressivo por mais de duas semanas, incapacidade de sentir qualquer tipo de prazer, tendência a sobrevalorizar eventos negativos, distúrbios do sono, falta de apetite e dores difusas (sem motivo aparente, ou sem que seja justificado em algum exame), são alguns dos fatores psicológicos e físicos que devem soar o alerta em busca de ajuda profissional.

P. G.: Como lidar com uma pessoa que possui Depressão? O que dizer e o que não dizer?

E. L.: Se já houver um diagnóstico é porque primeiramente houve auxílio clínico psiquiátrico e/ou psicológico, a depressão não deve ser diagnosticada aleatoriamente, por pessoa leigas, apenas levando em consideração sintomas objetivos, pois um profissional da área leva em conta uma diversidade de informações para chegar a essa conclusão clínica, portanto é sempre bom, a qualquer sinal de mudança significativa levar a um especialista, não menosprezar os relatos e não desrespeitar o indivíduo com observações que diminuam a dor que está sendo relatada, nada de achar que é preguiça, má vontade ou frescura, a depressão é uma doença e deve ser tratada como tal.

P. G.: Quando ouvimos falar de Depressão, sempre pensamos que o melhor a fazer é conversar e propor uma visita a um profissional específico. Mas o que fazer quando o depressivo não quer receber esse tipo de ajuda?

E. L.: Infelizmente é necessário que o indivíduo queira ajuda, mas se não houver acordo em relação a isso e tiver algum fator de risco associado, como tentativa de suicídio, é necessária uma intervenção compulsória e/ou uma visita de um especialista no ambiente familiar, para avaliar o estado emocional e o que deve ser feito. Muitos locais de atendimento psiquiátrico, quando percebido a ideação suicida bem como o planejamento, podem solicitar a internação para observação.

P. G.: Como é o tratamento de Depressão?

E. L.: O tratamento mais comum é o farmacológico, os Antidepressivos costumam trazer alívio para pacientes com sintomas moderados ou graves, que geralmente apresentam prejuízos significativos em vários contextos da vida, como pessoal, profissional e social, já em quadros leves, a eficiência dos Antidepressivos é menos nítida, eles têm desempenho equivalente ao placebo, pois a depressão, nestes casos tem uma motivação mais psicológica do que fisiológica. No entanto, em todos os casos é estritamente necessário o tratamento psicológico, porque se caracteriza por modos de pensar que sustentam a fixação, a paralisia emocional e funcional, o desânimo e o negativismo para lidar com as atividades cotidianas. Nesse sentido em nada os Antidepressivos podem agir, justamente por sua função ser fisiológica e não psicológica. Os medicamentos ajudam a superar um episódio depressivo – fisiologicamente falando -, o tratamento psicológico ajuda a evitar outros.

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